CARTA A FILÓSOFOS DE INCLINAÇÃO SOCRÁTICA
que dizes do dia de hontem,
do ser velho por onde te miras quando acordas,
que já foi novo em hontens mais arrecuados, mas que queres manter novo e fresco
mesmo quando já decrépito e decadente
nas rugas onde deixas descansar a memória,
enquanto limpas o golpe que a faz escoar sem dor e sem remorso,
nas gentes sem futuro que te mancham a alma antes já suja
que dizes do dia de hontem que perdeste para sempre na luz que para o espaço voltou,
no fumo das vidas que não te lembras sequer de queimar,
no dinheiro que se esvaiu das mãos como areia
das ampulhetas cheias de pequenos e grandes pulhas
no país que não te disseram
que ias virar?
que dizes do dia de hontem que passou,e já não voltará
que passou nos rumores e nos silvos das cobras políticas
e das mansas gentes que são o seu sustento,
nas folhas das vidas, na quente fé demo crática que se tornou fria,
esfriaram nas palavras que não disseste, nas que pronunciaste
e nas que não te lembraste que poderias dizer se tentasses abrir a boca?
que dizes do dia de hontem,
e dos outros que não viste e não verás
pois pertencem a outras gentes e lugares
dos de cuja alma sugastes
ou simplesmente apenas a carne desses dias que comestes
Paciênmcia ó boas gentes piores dias virão
e os dias de hontem serão esquecidos por novos hontens e nãotens que se seguirão
e ratings e ratos que inflamarão gentes sem senso
e hão-de vir mais talvez para Julho com o apertar da dívida americana
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